Em ano de eleição é comum ouvir esse tipo de frase: "Eu até votaria no candidato X, mas ele não tem chances nenhuma de vencer, por isso vou votar em outro". Mesmo sabendo que o candidato X é melhor que o outro, a posição que ele se encontra nas pesquisas eleitorais acaba sendo definidora na hora da escolha. Muito mais do que a própria proposta em si.
A teoria ficou conhecida como "Espiral do Silêncio" (ou como eu gosto de chamar "Teoria do Maria vai com as Outras").
Isso vem acontecendo para a parcela liberal (ou apoiadora do liberalismo) da população. Já li e ouvi essa frase: "Eu gosto mais do João Amoêdo (partido Novo), mas ele não vai chegar [ao segundo turno], por isso vou de Bolsonaro".
João Amoêdo pode ser considerado um liberal raiz. Dentre as suas propostas, uma das que mais se destacam é deixar o Estado enxuto e abrir alas para as privatizações (1). Já o Jair, nem tanto. Historicamente, o deputado sempre se mostrou contra as privatizações de estatais (2) e já chegou a dizer em uma entrevista que é a favor do livre mercado, mas também é a favor de um governo autoritário (3).
Se para o liberalismo a opção mais coerente seria o candidato do Partido Novo, porque é possível conhecer pessoas simpáticas ao modelo liberal deixarem de votar no Amoêdo para dar seu voto para o Bolso?
A filosofia (mais uma vez) pode ajudar a entender isso.
A filósofa alemã Elizabeth Noelle-Neumann (1916-2010) ficou interessada em um fenômeno muito curioso na reta final das campanhas para as eleições alemãs de 1965 e 1972. Ela percebeu que as intenções de voto mudaram subitamente, devido os eleitores tentarem aproximar suas opiniões às opiniões julgadas dominantes (4).
A teoria ficou conhecida como "Espiral do Silêncio" (ou como eu gosto de chamar "Teoria do Maria vai com as Outras"). Funciona assim: "As pessoas apresentam reticências ou até medo em expressar as suas opiniões minoritárias, por terem receio de sofrer o isolamento da sociedade ou do círculo social próximo" (5).
Ou seja: "Já que a maioria escolheu isso, eu escolho também". Esse fenômeno, também e conhecido como Efeito Manada, é muito observável em períodos de pesquisa eleitorais. Elas [as pesquisa] acabam forçando a sua escolha no que a maioria (supostamente) escolheria.
O Bolso está com 17% de intenção de votos, enquanto Amoêdo tem menos de 1% (6). Não é razoável você escolher seu candidato a partir desses dados. Tente imaginar se não houvessem essas pesquisas. O que definiria seu voto seriam as propostas, empatia e representação. Provavelmente, para a ala liberal da população, o candidato do Novo teria plena vantagem.
Claro que também tem a galera que vota por medo. "Qualquer coisa menos a esquerda", "Chega de governo esquerdista", "Foram 13 anos de esquerda e olha o que aconteceu", como se a esquerda se resumisse ao PT (Um dia espero poder escrever sobre esse assunto).
O fato é, se você deixa de votar em um candidato só porque ele está mal nas pesquisas, ele realmente não terá chances nenhuma de vencer. Agora, se você ignorar esses números e votar baseado nas propostas, seu candidato terá chances. Estão silenciando seu voto e você nem está se dando conta disso. Dica: Não defina seu voto pela maioria. Defina-o por você!
Conhecimento é Conquista -FS
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